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Escola de Governo debate Gestão de Recursos Hídricos

 

A Escola de Governo e Cidadania da AMERIOS realizou em 08 de julho palestra sobre a "Gestão de Recursos Hídricos", que foi ministrada pelo MSc. Leocádio Neves e Silva.

O Prefeito Bruno Roberto Pan de Iraceminha deu à abertura a sexta aula da Escola de Governo e Cidadania da AMERIOS, onde ressaltou a importância dessas aulas para os agentes públicos.

O palestrante iniciou seu debate abordando a quantidade de água na terra, onde há aproximadamente 1,36 quatrilhão de toneladas de água.

Segundo Leocádio, a água é o constituinte inorgânico mais abundante da matéria viva, imprescindível para que ela se mantenha. A ciência moderna (astrobiologia) acredita que, se existir vida em qualquer outra parte do universo, a água é o fator limitante para o seu desenvolvimento. A água representa 70% da massa do corpo humano e uma pessoa pode suportar 30 dias sem comer, mas apenas sete dias sem beber água.

São atividades relacionadas ao consumo de água: a irrigação, a indústria e o consumo doméstico. Com relação ao consumo, hoje os EUA consume 600 litros de água por habitante/dia, cidades (ex: Jaraguá do Sul) consome 117 litros de água por habitante/dia e o sertão do Brasil consome 10 litros por habitante/dia. O recomendado pela ONU é um consumo de 150 litros por habitante/dia.

Leocádio aponta que a qualidade da água em todo planeta está diminuindo a cada dia em função da má utilização. O despejo de agrotóxicos, efluentes sem tratamento, desflorestamento, queimadas e o desperdício contribuem para sua escassez. Quanto à descarga de efluentes industriais são localizadas, fáceis de identificar e de monitorar. Já o escoamento superficial urbano, drenagem de áreas agrícolas e esgotos difusos, deposição atmosférica espalham-se por toda a cidade e são difíceis de identificar e tratar.

A água é o destino final de todo poluente que tenha sido lançado, não apenas diretamente na água, mas também no ar e no solo. Os poluentes mais comuns das águas são: fertilizantes agrícolas/agrotóxicos, esgotos doméstico e industrial, plásticos, petróleo e metais pesados.

Quanto à distribuição da água no mundo é de 97,5% água salgada e apenas 2,5% água doce. Muitos países já convivem com sérias restrições hídricas como o Oriente Médio, a Ásia, a África, o Mar do Caribe e a Europa. Estatisticamente, 35% da população mundial não têm acesso à água tratada; 43% não contam com serviços de saneamento básico; 10 milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de doenças de veiculação hídrica; e deste número, 5 milhões têm menos de 18 anos, e destes, 4 milhões são crianças.

Nos países de terceiro mundo, 80% das doenças e 33% das mortes são decorrentes da falta de água potável; 65% das internações hospitalares e 80% das consultas médicas estão associadas a doenças de veiculação hídrica como hepatite e diarreia. De cada 100 crianças internadas em hospitais, 60 adoecem por consumir água contaminada e 2,8 bilhões é o número de pessoas que a ONU acredita que, em 2025, estarão residindo em regiões vitimadas por secas crônicas.

Já no contexto nacional, o Aquífero Guarani é a maior reserva subterrânea de água doce no mundo. A maior parte da área ocupada pelo aquífero está no subsolo do centro-sudoeste. O Brasil possui 12% da água doce disponível no mundo, sendo que 9,6% está na região amazônica e atende 5% da população; 2,4% no resto do país e atende 95% da população. Na média, a população brasileira utiliza 0,83% do potencial hídrico do país, sendo a demanda per capita do brasileiro (1,13 m³/hab./dia), é inferior à média mundial (2,74 m³/hab./dia).

Leocádio salienta que é fundamental a formulação de políticas que proponham usos racionais nas áreas de maior densidade populacional e que permitam um melhor aproveitamento da água, entenda-se sustentável, de áreas subaproveitadas do ponto de vista da disponibilidade dos recursos hídricos. Estimam-se entre 35% e 40% as perdas de água tratada no Brasil, sendo as razões, equipamentos de estruturas defasadas e sucateadas, falta de conscientização e de capacitação dos gestores e de políticas dirigidas para o setor. Pequenas mudanças nos nossos hábitos podem contribuir grandemente para a conservação da água como: o aproveitamento da água da chuva, o reuso de água na indústria e a prevenção do desperdício de água.

Finalizou sua fala dizendo que "para garantir a qualidade do meio ambiente as presentes e futuras gerações; é necessário utilizá-lo racionalmente".

Explicou também sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), Lei nº. 9.433/97, que é o ponto de partida e a base de toda reforma, ao mesmo tempo define a PNRH e estabelece o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH).

Abordou sobre o gerenciamento das Bacias Hidrográficas e da importância das mesmas. Relatou os conceitos do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica, enfatizando que são instâncias colegiadas normativas, consultivas e deliberativas, sendo sua composição: População da bacia: representantes de entidades da administração pública municipal e regional e sociedade civil (40%); Usuários de água: grupo que detém importância econômica na região e está ligado a potenciais impactos sobre os corpos de água (40%)e Poder público: representantes de setores dos governos Federal e Estadual que atuam na região (20%). Esses representantes são responsáveis pela efetivação da gestão descentralizada, integrada e participativa dos recursos hídricos de Santa Catarina, sendo o principal foro para o conhecimento, o debate de problemas, o planejamento e a tomada de decisão sobre os usos múltiplos dos recursos hídricos no âmbito da bacia hidrográfica. Finalizou dizendo que comitê é o "Parlamento das Águas".

O Prefeito Bruno Roberto Pan de Iraceminha encerrou a aula, onde agradeceu e parabenizou o palestrante pela belíssima apresentação, desejando a todos um bom retorno.