No Brasil, uma série de políticas públicas, desde a pesquisa agropecuária, a extensão rural e crédito rural atrelado ao pacote tecnológico, moldou o presente modelo da agricultura, que para as pequenas propriedades rurais não são suficientes para proporcionar uma rentabilidade digna para os agricultores familiares da região, tendo este que procurar novas alternativas de renda, o que muitas vezes representa a saída da família do meio rural.
O reconhecimento da importância da atividade agroindustrial no processo de desenvolvimento econômico e social tem levado os formuladores de políticas públicas, no Brasil e no exterior, a eleger o setor como prioritário para a promoção de investimentos em novos empreendimentos. De fato, sabe-se que a agroindústria é uma das principais geradoras de empregos diretos e indiretos por unidade de capital investido. Dados recentes do Departamento Econômico do BNDES e do IBGE mostram claramente esta característica no caso brasileiro, onde, para cada milhão de dólares investido, os empreendimentos agropecuários e agroindustriais chegam a gerar 118 a 182 empregos, cerca de15% a 80% a mais do que os investimentos em um segmento tradicionalmente intenso em ocupação de mão de obra, como o setor comercial.
A AMERIOS – Associação dos Municípios do Entre Rios – SC, vem desempenhando importante papel na assessoria dos Municípios filiados no que se refere à implantação de novas agroindústrias, através da Assessoria em Desenvolvimento Regional disponibiliza o Engenheiro Agrônomo Marcos Orso, que tem como uma das prioridades do seu trabalho o acompanhamento desde a implantação até a comercialização dos produtos oriundos das Agroindústrias Familiares.
A microrregião destaca-se nos últimos cinco anos no desenvolvimento deste setor, onde 41 agroindústrias foram construídas, só no município de Maravilha são 22, acompanhadas atualmente pelo assessor, recebendo inúmeras excursões das mais diversas regiões do país.
O grande número de agroindústrias familiares na região se deve a importante parceria que acontece na grande maioria dos municípios, quer seja através de leis municipais de incentivos, na criação do SIM – Serviço de Inspeção Municipal, ou no fornecimento de assistência técnica pelas prefeituras e pela Epagri. Outro fator relevante no desenvolvimento do setor é a realização da Expomerios, feira de produtos coloniais, artesanato e exposição de máquinas e equipamentos para agroindústrias familiares. Depois de realizadas quatro edições, destacamos a grande participação dos municípios filiados, e principalmente dos agricultores da região, tornando-se importante espaço para agroindústrias e artesões mostrarem seus produtos, sem nenhum custo para os mesmos e ao mesmo tempo conhecer equipamentos adequados a sua realidade, além da integração dos municípios.
Na opinião de Marcos, para que este setor torne-se cada vez mais uma alternativa de renda aos agricultores familiares, é necessário incentivar as experiências de produção, processamento e comercialização de produtos de forma associativa, priorizando o abastecimento dos mercados locais, feiras, e merenda escolar, valorizarem os produtos de marcas regionais, estimularem a diversificação da produção e a produção orgânica/agro ecológica.
As agroindústrias Familiares no campo podem processar seus próprios produtos, mantendo suas características regionais e ao mesmo tempo absorvendo aqueles que, de outro modo, sairiam para as cidades em busca de trabalho e renda, porém para que isso efetivamente ocorra, será necessária uma reformulação na legislação fiscal, ambiental e sanitária, tornando os empreendimentos viáveis e ao mesmo tempo oferecendo produtos de qualidade comprovada e com excelentes práticas de fabricação, conseguidas com a devida vigilância sanitária.